[Resenha] Puros - Julianna Baggott

Pressia pouco se lembra das Explosões ou de sua vida no Antes. Deitada no armário de dormir, nos fundos de uma antiga barbearia em ruínas onde se esconde com o avô, ela pensa em tudo o que foi perdido — como um mundo com parques incríveis, cinemas, festas de aniversário, pais e mães foi reduzido a somente cinzas e poeira, cicatrizes, queimaduras, corpos mutilados e fundidos. Agora, em uma época em que todos os jovens são obrigados a se entregar às milícias para, com sorte, serem treinados ou, se tiverem azar, abatidos, Pressia não pode mais fingir que ainda é uma criança. Sua única saída é fugir.Houve, porém, quem escapasse ileso do Apocalipse.
Esses são os Puros, mantidos a salvo das cinzas pelo Domo, que protege seus corpos saudáveis e superiores. Partridge é um desses privilegiados, mas não se sente assim. Filho de um dos homens mais influentes do Domo, ele, assim como Pressia, pensa nas perdas. Talvez porque sua própria família se desfez: o pai é emocionalmente distante, o irmão cometeu o suicídio e a mãe não conseguiu chegar ao abrigo do Domo. Ou talvez seja a claustrofobia, a sensação de que o Domo se transformou em uma prisão de regras extremamente rígidas. Quando uma frase dita sem querer dá a entender que sua mãe pode estar viva, ele arrisca tudo e sai à sua procura.
Dois universos opostos se chocam quando Pressia e Partridge se encontram. Porém, eles logo percebem que para alcançarem o que desejam — e continuar vivos — precisarão unir suas forças.
Esses são os Puros, mantidos a salvo das cinzas pelo Domo, que protege seus corpos saudáveis e superiores. Partridge é um desses privilegiados, mas não se sente assim. Filho de um dos homens mais influentes do Domo, ele, assim como Pressia, pensa nas perdas. Talvez porque sua própria família se desfez: o pai é emocionalmente distante, o irmão cometeu o suicídio e a mãe não conseguiu chegar ao abrigo do Domo. Ou talvez seja a claustrofobia, a sensação de que o Domo se transformou em uma prisão de regras extremamente rígidas. Quando uma frase dita sem querer dá a entender que sua mãe pode estar viva, ele arrisca tudo e sai à sua procura. Dois universos opostos se chocam quando Pressia e Partridge se encontram. Porém, eles logo percebem que para alcançarem o que desejam — e continuar vivos — precisarão unir suas forças.

Acho que Puros deve ser um dos livros mais estranhos que já li, se não for o mais estranho deles. Mas antes de explicar um pouco a minha opinião, melhor fazer um passeio pelo enredo primeiro.

Após uma série de Explosões, o mundo acabou passando por um verdadeiro apocalipse. Nove anos depois do acontecimento é o período em que a história se passa. A humanidade não era como antes. O mundo estava praticamente derretido. As Explosões não foram provocadas por bombas comuns, mas por algo que causou uma série de alterações e bizarrices. Pessoas se fundiram com o que estava mais próximo de si. Carros, outros indivíduos, plástico, vidro, árvores e até com o próprio chão. Os poucos sobreviventes estavam fundidos ou tinham algum membro faltando. Para piorar a situação, eram miseráveis. Como as lojas e outros estabelecimentos foram saqueados e destruídos, pouco sobrou para se usufruir. As condições são as piores possíveis e isso a autora faz questão de mostrar com os maiores detalhes.

Mas nem todo mundo teve um destino cruel. Antes das Explosões um Domo autossustentável foi construído para abrigar alguns “escolhidos”. Os que moram nele ficaram conhecidos como Puros, pois não tinham nenhuma mácula provocada pelas Explosões.

Pressia Belze, a quem somos primeiramente apresentados, mora nos fundos de uma barbearia destruída com seu avô. A princípio, é só mais uma miserável sem importância e que ao completar 16 anos (alguém poderia me explicar porque sempre aos 16 anos?) teria que se apresentar à OBR – uma espécie de organização hiper cruel para combater o Domo – para se alistar ou morrer caso não fosse útil. Acontece que Pressia está metida em uma verdadeira rede de mentiras e segredos mais macabros do que poderia imaginar ser possível. Ao conhecer Partridge e ao acompanha-lo em sua missão suicida, Pressia acaba entrando cada vez mais fundo nessa rede até finalmente chegar a um ponto em que não pode mais voltar.

Puros é um livro que até agora me deixa desconfortável para formar uma opinião. Desconfortável não significa que eu não gostei. Muito pelo contrário, apesar de ser uma história cruel, o livro é realmente muito bom. Talvez seja o fato que a autora não se contente em fazer uma história chocante, ela aparentemente quer esfregar isso na nossa cara. As detalhadas descrições dos fundidos, do sangue, das mortes, crueldade e sofrimento fizeram com que eu me sentisse realmente enojada em algumas passagens. Não que eu seja uma pessoa sensível ou algo parecido, mas isso pareceu ser algo bem desnecessário, a velha enrolação. É bem provável que essa não fosse a intenção real. Acredito que a Julianna Baggott tinha em mente fazer um enredo que deixasse qualquer um estarrecido e sem palavras. Ela conseguiu, para falar a verdade, só que em alguns momentos existiram verdadeiros exageros.

Esse ponto negativo acaba tirando um pouco o foco da história e que provavelmente deve ter incomodado muita gente, inclusive a mim. Mas, felizmente os pontos positivos conseguem por pouco superar essa falha e tornar a leitura mais prazerosa.

As personagens do livro são literalmente fantásticas. São muito bem trabalhadas, com personalidades fortes e únicas, além de serem tão... humanas (ou desumanas, no caso de alguns). Parecem ganhar vida com a narração em terceira pessoa. Cada capítulo foca em uma personagem diferente. Com esse aspecto, podemos ter uma visão mais ampla de seus pensamentos, opiniões, dores e crenças. É muito difícil não conseguir se envolver com cada um deles em proporções diferentes. O melhor é que a história não se foca somente nos protagonistas. Ela se estende a outras personagens, abrindo nossos olhos para sua importância no enredo.

Eu particularmente amei Pressia, Bradwell e El Captán. A forma com que eles enfrentam seus próprios problemas e se relacionam entre si é maravilhosa. Suas personalidades travam constantes conflitos entre a crueldade, o instinto de sobrevivência e o carinho que tem um pelo outro. Nem se fala na relação de El Captán com o irmão que se fundiu as suas costas. Cruel e brilhante ao mesmo tempo. Bradwell é um sobrevivente, um lutador calejado de tanto sofrimento, mas que tem um espírito forte e gentil. Pressia não é a protagonista fraquinha e insossa, mas também não é um monstro insensível na pele de garota que finge não se importar com nada. Ela é forte, mas ainda assim sente falta do Antes, de ter uma família e um pouco de paz.

Algumas revelações feitas no livro foram realmente surpreendentes e chocantes, muito bem recebidas e se encaixaram no enredo com perfeição. Já outras foram muito óbvias e um pouco decepcionantes. Nada que escandalize muito.
Além das personagens, o que mais surpreende em Puros é que mesmo sendo bizarro, vários dos acontecimentos são perigosamente reais. O Domo autossustentável, as bombas que causam anomalias e que tem proporções globais, os segredos que são escondidos da maioria da população e que são depositados nas mãos de poucos que se acham superiores. Até que ponto a humanidade está disposta a ir? Criando vírus, bombas biológicas e químicas, procurando se autodestruir? Esse é um questionamento bastante evidenciado no livro. A crueldade com os próprios semelhantes, a vontade incessante do homem de ser superior e ser idolatrado, o egocentrismo que leva aos poucos a destruição. São questionamentos chocantes e fortes que muitos procuram evitar pensar.

Por isso é difícil formar uma opinião sobre Puros. É um livro muito bom, com personagens incríveis e um teor realista. Ele te faz pensar que as outras distopias foram um pouco “fracas”, menos explícitas, leves demais. Tira um pouco da mesmice que o gênero andou caindo. O futuro destruído como palco de um romance que te faz babar. Puros é um livro intenso, sem amenização. Algo “bonito” não surge assim do nada como, por exemplo, a amizade, o amor, a esperança, etc. Claro que elas existem, mas não são como sentimentos transplantados, jogados na história só para amenizá-la. São coisas que surgem como uma simples ideia e que vão se espalhando e tomando de conta das personagens, trazendo a beleza no meio da crueldade. A amizade se transpassando ao instinto louco e individual de sobrevivência, o amor ao outro em vez do amor próprio egoísta. É algo lindo de se perceber em um livro.

No fim das contas, o livro é muito bom e ponto. Infelizmente, ele não é ótimo por conta desses deslizes que acabaram tirando o esplendor da história, mas nem por isso merece deixar de ser lido. Estou muito ansiosa para a continuação e para saber como a trama vai se desenrolar e, principalmente, como as personagens se sairão em uma realidade tão crua e brutal.

Informações sobre o livro
Título: Puros
Autora: Julianna Baggott
Editora: Intrínseca
Páginas: 368.
Preço: Cultura - Saraiva - Submarino

Avaliação:

5 comentários:

  1. tenho muita curiosidade sobre esse livro, mas fiquei com um pouquinho de medo! kkk
    a capa é muito bonita e a história parece ser ótima, apesar de ser um pouco bizarra, como você disse. acho que vou arriscar!

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  2. Tenho curiosidade, mas também acho meio bizarra essa história... Acho que não leria no momento mas, quem sabe num futuro próximo? hahaha

    Lindo blog! Parabéns! :)

    Samanta

    http://diversaoempapel.blogspot.com.br/

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  3. Oi!
    Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas me deixou SUPER curiosa. Vou correndo tentar descobrir mais sobre elem *--*

    Abraços,
    Marinah | Blog Marinah Gattuso

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  4. Acho que já havia ouvido falar o nome do livro, mas não mais. Sua resenha me deixou interessada, ando querendo ler mais distopias, e esse entrou para listinha ^^

    Té mais...
    http://bmelo42.blogspot.com.br/

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  5. Olá, como vai? Tive que rir quando você perguntou "por que sempre aos 16 anos?" de fato, a maioria das histórias agarraram nesta idade. Bom, deixa eu dizer que amei a sua resenha, e me despertou uma curiosidade á respeito do livro, ainda não tinha ouvido falar dele, mas agora está na minha lista de desejados. Adoro quando o autor deixa a opinião de vários personagens, faz a estória ficar mais completa. E curto muito quando no fim do livro, o autor nos revela algo chocante, espero em breve poder ler este livro e compartilhar minha opinião. Grande abraço, e parabéns!

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